Como funciona a Inflação no Brasil 

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Você já ouviu alguém dizer que o dinheiro não compra mais o que comprava antes? Ou que os preços estão subindo? Isso acontece por causa de algo chamado inflação. Mas o que é a inflação, por que ela acontece, e quais são as previsões para o futuro? Entenda como funciona a inflação no Brasil, seu impacto na economia e nas nossas vidas, e o que esperar nos próximos meses. 

O que é inflação? 

A inflação é o aumento generalizado dos preços de bens e serviços ao longo do tempo. Isso significa que, com o passar do tempo, o dinheiro perde poder de compra. No Brasil, a inflação é medida principalmente pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo IBGE. 

E como estamos hoje? 

Em 2023, o IPCA acumulado fechou em alta de 4,62%, o que ficou dentro da meta estabelecida para o ano que variava de 1,75% a 4,75%. O índice também foi inferior ao IPCA registrado em 2022 (5,79%). Em 20224, o IPCA é de 0,21% registrado em junho, último mês divulgado até o momento. Já o IPCA acumulado para 2024 é de 2,48%. 

Por que a inflação acontece? 

Existem várias razões para a inflação ocorrer. Vamos explorar algumas delas com exemplos de fácil entendimento: 

  1. Aumento nos Custos de Produção: Imagine que uma fábrica de biscoitos vê o preço da farinha e do açúcar subir. Para não ter prejuízo, a fábrica aumenta o preço dos biscoitos. Assim, o consumidor final paga mais caro pelo mesmo produto. 
  1. Alta Demanda: Se muitas pessoas querem comprar o novo celular que acabou de ser lançado, mas a quantidade disponível é limitada, os vendedores podem aumentar o preço porque sabem que a demanda é alta e os consumidores estão dispostos a pagar mais. 
  1. Excesso de Dinheiro em Circulação: Se o governo decide imprimir mais dinheiro e distribuir para as pessoas, mas a quantidade de produtos e serviços disponíveis permanece a mesma, haverá mais dinheiro competindo pelos mesmos produtos, o que faz os preços subirem. 

Tipos de Inflação 

A inflação pode se manifestar de diferentes formas e por diferentes motivos. Vamos ver os principais tipos: 

  1. Inflação de Demanda: Ocorre quando a demanda por bens e serviços excede a capacidade da economia de produzi-los, causando um aumento nos preços. 
  2. Inflação de Custos: Resulta do aumento nos custos de produção, como matérias-primas e salários, que é repassado para os consumidores na forma de preços mais altos. 
  3. Inflação Inercial: Quando os preços continuam subindo porque as pessoas esperam que eles subam, baseando-se em aumentos passados. 
  4. Deflação: É o oposto da inflação e ocorre quando os preços gerais caem. Isso pode indicar problemas econômicos, como uma redução na demanda. 
  5. Hiperinflação: Um tipo extremo de inflação onde os preços aumentam muito rapidamente, levando à perda de valor da moeda e ao caos econômico. 

 

Reduflação: Uma Resposta à Inflação 

A reduflação é uma prática onde as empresas reduzem a quantidade de produto nas embalagens, mas mantêm o preço inalterado. Isso é feito para evitar aumentar diretamente os preços durante períodos de inflação. Por exemplo, um pacote de biscoitos que antes continha 200 gramas agora pode ter apenas 180 gramas, mas ainda custa o mesmo. 

Como a inflação afeta as pessoas? 

A inflação tem vários efeitos no dia a dia das pessoas: 

  1. Menos Poder de Compra: Com a inflação, o valor real do dinheiro diminui. Isso significa que você consegue comprar menos coisas do que antes. 
  2. Dificuldade para Planejar: A inflação torna o planejamento financeiro mais complicado. Se os preços estão sempre subindo, é difícil saber quanto dinheiro você vai precisar no futuro. 
  3. Impacto nos Salários: Se os salários não acompanham o ritmo da inflação, as pessoas perdem poder de compra. 

Como a inflação afeta as empresas? 

A inflação também impacta significativamente as empresas de várias maneiras: 

  1. Aumento dos Custos de Produção: Quando os preços dos insumos sobem, as empresas precisam pagar mais para produzir os mesmos bens e serviços. 
  2. Dificuldade em Planejamento: A inflação torna o planejamento financeiro mais complexo para as empresas. 
  3. Ajuste de Preços: Muitas empresas ajustam os preços de seus produtos e serviços para manter a lucratividade em tempos de inflação. 
  4. Necessidade de Aumentar Salários: Para manter seus funcionários motivados e garantir que eles mantenham seu poder de compra, as empresas podem ser obrigadas a conceder aumentos salariais. 

Como o governo controla a inflação? 

O governo possui várias ferramentas para tentar controlar a inflação: 

  1. Aumento da Taxa de Juros: O Banco Central pode aumentar a taxa básica de juros (Selic) para encarecer o crédito e desestimular o consumo. Em 2023, a taxa Selic foi mantida em 11,75% ao ano para conter a inflação. 
  1. Controle dos Gastos Públicos: Reduzir os gastos do governo pode diminuir a quantidade de dinheiro em circulação na economia. 
  1. Políticas Econômicas: O governo pode implementar políticas que incentivem a produção e a oferta de bens e serviços. 

Metas e Previsões para a Inflação 

O Brasil adota o regime de metas para a inflação desde 1999, definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). A meta para a inflação é anunciada publicamente e funciona como uma âncora para as expectativas dos agentes econômicos.

Para 2024 e 2025, a meta é de 3,00%, com um intervalo de tolerância de 1,50% a 4,50%. A partir de 2025, a meta será verificada mês a mês, em um regime contínuo. O Banco Central atua para manter a inflação dentro dessa meta, ajustando a taxa Selic e utilizando outras ferramentas de política monetária.

Se a inflação se desviar da meta por um período prolongado, o BC deve justificar publicamente as razões e as medidas para corrigir os desvios. 

As projeções do mercado indicam que, a inflação deve continuar em torno de 4% a 5% nos próximos anos, dependendo das condições econômicas globais e das políticas internas. As decisões de política monetária, como ajustes na taxa Selic, continuarão a ser essenciais para manter a inflação sob controle. 

A estimativa para inflação em 2024 está acima da meta, mas ainda dentro da tolerância perseguida pelo Banco Central. A Projeção para 2025 permanece em 3,9%. Para 2026 e 2027, as previsões são de 3,6% e 3,5%, respectivamente. 

Índices de Inflação e sua Relevância 

Os índices de inflação são essenciais para medir quanto os preços estão subindo. No Brasil, os dois índices mais conhecidos são: 

  1. IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo): Este é o índice oficial de inflação do Brasil. Ele mede a variação dos preços de uma cesta de produtos e serviços consumidos pelas famílias. 
  1. INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor): Similar ao IPCA, mas focado em famílias com renda mais baixa. Esse índice é frequentemente usado para reajustar salários e benefícios sociais. 

Relação com o Dia a Dia: 

  • Compras no Supermercado: Os aumentos dos preços dos alimentos que você percebe comprar no supermercado em momentos diferentes são monitorados pelo IPCA. 
  • Contas de Casa: A inflação medida pelo IPCA e pelo INPC é afetada pelos valores das contas de luz, água e outros serviços essenciais. 
  • Salários: Muitas vezes, os salários são ajustados de acordo com a inflação medida pelo INPC, que impacta diretamente as contas das empresas que podem ajustar seus preços para absorver o custo de operação mais elevado. 

Conclusão 

Entender a inflação é crucial para saber como o dinheiro funciona e como administrar suas finanças pessoais de forma eficaz. A inflação afeta não apenas o nosso poder de compra, mas também o planejamento financeiro e a saúde econômica das empresas.

Conhecer as causas da inflação e as medidas que o governo pode tomar para controlá-la é essencial para estar preparado e tomar decisões financeiras informadas. 

 Texto por: Priscila Rageminski

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